Acerca de mim

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Sou apenas um pontozinho no Universo. Não existo fora de mim ou deste espaço, alguém me criou e aqui nasci. Mas nascer é o quê, começar a existir ou a viver? Cada dia encontro uma resposta, em cada dia uma resposta diferente. Por isso nada sei do que eu sou.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Enterrar as mágoas


Enterrei a mágoa num jardim de trevas.
Deixei que se obscurecessem todos os meus sonhos.

Hoje em dia já não sei o que era a alegria que eu sentia.
Se era amor ou desafio de te ter.
Ou fastio de viver continuamente
a vida que me era permitido ver.

Nenhuma outra eu podia almejar.
Nada.
Somente enterrar as mágoas ou chorar.

Maria da Luz S.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Engano

Escolhi o vestido a usar, acessórios condizentes.
Entrei na sala, o tempo a esperar por mim.
No sofá a demora, o amuo do vento.

O vestido afinal era um pijama.
Fui à cozinha e fiz um chá.
Bebi-o fazendo companhia ao tempo.
Na sala um sonho, um afago nos cabelos.
A tua ausência.

Maria da Luz S.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Fome

 
Na manhã de ontem o dia parecia
que nascia com fome. Fome de possuir
a raiz do meu viver ou quiçá a luz
dos meus sorrisos.
 
Escrevi na palma da mão o poema
com que acordei a primavera e o
dia respirou o fôlego do tempo.
Na tua mão o presente das coisas
as rosas esquecidas na varanda.
O dia começava a respirar os sonhos.
 
Maria da Luz S.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Era Natal

 
Era Natal. Presságio de coisas boas,
o Pai-Natal na janela a acenar sorrisos.
 
Um dia, qualquer dia, sairei por aí, a exigir
todas as coisas que me prometeste.
E que elas sejam boas.
 
Maria da Luz S.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Quanto baste

 
Não importa a fé que tenho, se ela é grande
ou pequena. Basta que seja suficiente
para acreditar em ti, para confiar em ti.

O que é pouco nunca o é se nos basta,
o que é muito se é de mais se esbanja.

A fé que tenho é a certa, é a justa na medida
da minha vida. E me basta, me completa
na medida certa. Nem de mais, nem
de menos. Mas quanto baste para eu crer
que é bom viver.

Maria da Luz S.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Marcas

 
Ficaram marcados na memória os momentos.
 
Já passaram mas continuam a passar no tempo,
lá onde te esperei. Foi-se o dia mais cinzento,
a primavera apetecida, o sonho em movimento.
 
Só a memória permanece fiel ao que vivemos.
 
Maria da Luz S.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Cais


Partiste na manhã de um frio mês, embarcaste no
comboio com bilhete de ida e volta. Tinhas o bilhete
mas não chegou a haver volta, não houve outra vez nós,
o romance, o aconchego. Tiveste talvez medo, o comboio
a apitar e a afastar-se de quem foste.

Pombo ou pássaro, esse o teu destino. Andorinha
em nenhuma primavera, era eu no cais.

Lu