Cansaço nos ombros, na alma, em tudo
silêncio na voz, nos sentidos banais
que me isolam do mundo.
Sou metáfora falsa para o que não existe
pedra que se afunda num lago de cinzas
esforço inútil de vida que passa
fingindo as cantigas guardadas na infância.
Ó sonho que passas, aonde me levas
por onde o caminho que vai dar ao mar?
Sargaços envolvam e tornam minh’alma
num esforço inútil para lá não chegar.
Sou rocha vazia, oca de sentidos
na costa bravia do mar do teu sonho;
cinzas no meu peito, ténue esperança
de chegar ao cimo de um barco veleiro
que me leve a vista ao encontro da ilha
onde moras nas tardes em que já não regressas.
Promessas vazias que em ti rejeito
sem meios nem modas de se transformarem
em algo concreto que tire este nó
que me aperta o peito em laços de sangue
que por ti daria para te salvar.
Salvar-te de ti, dos medos que ostentas
no orgulho insano com que sempre me olhas.
Ó versos e rimas, cantigas que canto
tirai-me este fado que trago nos ombros
atirai-o ao vento, prendei-o nas redes
das sombras caídas ao pé da metáfora
que sou e maldigo e não quero ser.
Lu
1 comentário:
Quem somos, verdadeiramente, nunca o saberemos. Escravos dos sentimentos, talvez.
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